Falsa-couve é planta tóxica: saiba como identificar e se proteger

Falsa-couve é planta tóxica: saiba como identificar e se proteger

Uma planta que parece inofensiva e se mistura facilmente entre hortas e quintais tem causado preocupação entre especialistas. Conhecida como falsa-couve, a Nicotiana glauca é altamente tóxica e já provocou casos graves de intoxicação em várias regiões do país, como o recente episódio em Patrocínio (MG), onde quatro pessoas da mesma família foram hospitalizadas após consumi-la por engano.

O que é a falsa-couve

A Nicotiana glauca pertence à família Solanaceae, a mesma de plantas como batata, tomate, pimentão e berinjela. Apesar de haver espécies comestíveis nesse grupo, algumas são perigosas, como a beladona e a mandrágora.

A falsa-couve é uma parente próxima do tabaco e recebeu esse nome popular justamente por sua semelhança com a couve comum. Suas folhas verdes e arredondadas enganam facilmente quem não está acostumado a lidar com plantas. Em áreas rurais, é comum que moradores a encontrem crescendo espontaneamente em terrenos baldios, beiras de estrada e quintais, confundindo-a com hortaliça.

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Como identificar a falsa-couve

Segundo o biólogo Guilherme Ceolin, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-FW), existem diferenças visuais entre a couve verdadeira e a falsa-couve que ajudam na identificação.

“As folhas da couve são mais largas, com cor verde-escura e nervuras bem marcadas. Já a falsa-couve tem folhas mais lisas, finas e com um verde mais claro. Além disso, o caule da falsa-couve é lenhoso, enquanto o da couve verdadeira é herbáceo e mais macio”, explica o especialista.

Outras características também ajudam a diferenciar:

  • Altura: a falsa-couve pode atingir até três metros de altura, parecendo um arbusto, enquanto a couve comum é bem menor.
  • Textura das folhas: as folhas da couve são mais firmes e enrugadas, enquanto as da falsa-couve são lisas e frágeis.
  • Odor: ao amassar as folhas, a couve exala um cheiro característico de hortaliça, enquanto a falsa-couve tem cheiro leve, quase imperceptível.

Ceolin reforça que as folhas jovens da couve podem enganar quem não tem prática, por isso a atenção deve ser redobrada.

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Por que a falsa-couve é perigosa

De acordo com a biomédica toxicologista Ingrid Dragan, membro da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia para Redução de Danos (SBRed), a falsa-couve contém anabazina, um alcaloide neurotóxico capaz de causar sérios danos ao organismo.

“Essa substância bloqueia a transmissão nervosa e causa sintomas como fraqueza muscular, dificuldade para respirar, salivação excessiva, vômitos, confusão mental e até paralisia. Em casos graves, pode levar à morte por parada respiratória”, alerta.

Ela explica que a intoxicação pode ocorrer mesmo com pequenas quantidades da planta e não existe tratamento caseiro eficaz. “Leite, carvão ou indução de vômito não funcionam. A pessoa deve ser levada imediatamente ao pronto-socorro para atendimento especializado”, afirma.

Cuidados para evitar intoxicação

Os especialistas recomendam não consumir folhas ou plantas que não tenham sido identificadas com segurança. Em caso de dúvida, o ideal é plantar couves e hortaliças a partir de mudas conhecidas ou compradas em locais de confiança.

A biomédica destaca ainda que, em situações de suspeita de intoxicação, é importante levar uma amostra da planta ao hospital. “Mesmo que o médico não reconheça a espécie, o material pode ser analisado por um toxicologista, o que ajuda a direcionar o tratamento”, orienta.

A Nicotiana glauca é uma espécie bonita e resistente, o que a torna comum em ambientes urbanos e rurais. No entanto, sua aparência semelhante à couve verdadeira pode transformar uma simples refeição em um caso de emergência médica. Por isso, reconhecer as diferenças e evitar o consumo de plantas desconhecidas é a melhor forma de prevenção.

Heider Mota

Baiano, jornalista, 29 anos. Apaixonado pela escrita.